A escolha de materiais de baixo impacto é de suma importância para a produção de bens de consumo.Segundo Santos (2009): " Um dado material pode apresentar impacto ambiental baixo em uma dada fase do ciclo de vida e, ao mesmo tempo, um elevado impacto ambiental na fase subseqüente". Considerar todo o ciclo de vida de um produto, os processos necessários à sua confecção, as tecnologias de transformação e beneficiamento dos materiais, a etapa do serviço de distribuição dos produtos e seu uso e descarte pelo consumidor, além das condições e riscos causados no ambiente de trabalho na fase de produção de materiais e energia, faz parte do universo dos designers que buscam soluções para a redução do impacto ambiental. Segundo Kazazian (2005), identificar esses impactos constitui o preâmbulo a qualquer prevenção e à melhoria dos modos de concepção e consumo dos bens.
Nesse sentido, o profissional de design pode atuar na escolha e aplicação dos materiais empregados em produtos, mesmo sabendo que o seu envolvimento não se estende à origem ou ao fim desses materiais ao encerrar o ciclo de vida dos produtos (MANZINI e VEZZOLI, 2008).Na pré-produção, onde os recursos naturais são extraídos para a produção de materiais, são consumidas energias e matérias-primas que determinam inúmeras emissões. Porém, a escolha de materiais e processos de baixo impacto não pode ser apenas relacionada ao consumo de recursos na fase de pré-produção, especificamente. Há que se considerar que um material com maior impacto na fase de produção, pode fazer o produto perdurar por um período maior, poupando a necessidade da extração de novos materiais para a confecção de novos produtos que substituam os anteriores (MANZINI e VEZZOLI, 2008).
Outro fator importante citado pelos autores é o contexto de produção e consumo de um produto, tendo em vista que uma região é mais rica do que outras em um certo material, ou mesmo produz e elimina o mesmo tipo de material existente em outras regiões de forma diferente, causando menor ou maior dano ao meio ambiente.
Portanto, percebe-se que para a redução dos impactos ambientais, devem ser considerados os processos de produção e de transformação dos materiais, os sistemas de distribuição e uso e, os tratamentos de eliminação final dos produtos. Desta forma, Manizini e Vezzoli (2008) sugerem indicações para a escolha de materiais e processos de baixo impacto:
- Evitar inserir materiais tóxicos e danosos no produto
- Minimizar o risco dos materiais tóxicos e danosos
- Evitar aditivos que causam emissões tóxicas e danosas
- Evitar acabamentos tóxicos e danosos
- Escolher os materiais com menor conteúdo tóxico de emissões na pré-produção
- Projetar os produtos de maneira a evitar o uso de materiais de consumo tóxicos e danosos
- Minimizar a dispersão dos resíduos tóxicos e nocivos durante o uso
- Usar materiais renováveis
- Evitar usar materiais que estão para se exaurir
- Usar materiais que provenham de refugos de processos produtivos
- Usar componentes que provenham de produtos já eliminados
- Usar materiais reciclados, em separado ou junto com outros materiais virgens
- Escolher tecnologias de transformação dos materiais de baixo impacto
- Usar materiais biodegradáveis
Além dessas premissas, está sendo também considerado no projeto Pandora, opções por meios de consumo de energia alternativos e menos impactantes na produção e consumo.
A escolha de fontes de energia ecoficientes se relaciona com os aspectos econômicos, ambientais e sociais e, conforme Kazazian (2005), trata-se de produzir bens e consumos a preços competitivos, que satisfaçam as necessidades humanas e melhorem a qualidade de vida, reduzindo ao mesmo tempo os impactos ambientais e os consumo de recursos durante todo o ciclo de vida.
No que se refere à escolha de recursos energéticos de baixo impacto, Manizini e Vezzoli (2008) propõem a adoção de sistemas de transformação energética que saibam explorar ao máximo as capacidades de gerar bem-estar ao homem, lembrando que também deve ser considerada a energia humana. E, para tanto, os autores sugerem indicações para a escolha de fontes energéticas co baixo impacto:
- Evitar inserir no produto materiais tóxicos e danosos
- Escolher fontes energéticas renováveis
- Escolher fontes energéticas que minimizem as emissões nocivas durante as fases de pré-produção e produção
- Escolher fontes energéticas locais
- Escolher fontes energéticas que minimizem as emissões nocivas durante a fase de distribuição
Contudo, se faz necessário que as empreses tenham sua interface direcionada para a dimensão ambiental ao selecionar métodos, meios e profissionais qualificados para a questão da sustentabilidade, assim como também deve-se considerar as dimensões social e econômica, porém estas não são foco do estudo do presente projeto.
A mudança para o ambientalmente correto aumenta a competitividade na estratégia da empresa. dessa forma, o profissional do design deve estar consciente do seu papel na escolha de materiais e processos empregados na produção dos produtos, bem como fontes energéticas utilizada para que não resultem em danos ao meio ambiente.
KAZAZIAN, T. Haverá idade das coisas leves: design e desenvolvimento sustentável. São Paulo: Senac, 2005.
MANZINI. E.; VEZOLLI, C. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Edusp, 2008
SANTOS, AGUINALDO. Seleção de Recursos de Baixo Impacto Ambiental. Série Design Sustentável. 2009
Inspirações
Renault 4 ever shortlisted entry
O projeto conceito é finalista do concurso Renault Forever e pode ser produzido com baixo consumo de energia. O Carro feito em estrutura tubular e tecido esticado. Segundo o site as portas também são estruturas abertas que exigem menos material para a fabricação. O tecido feito a partir da nanotecnologia permite que seja absorvida energia solar para seu funcionamento, janelas e vidros também funcionam como painéis solares.
Fonte: http://inhabitat.com/transportation-tuesday-the-bamboo-taxi/totieco7/
Frii plastic bike - Bicicleta feita de plástico reciclável
A proposta é de uma estudante israelense Dror Peleg na qual são utilizados resíduos de caixas plásticas de transporte. Sua estrutura é feita com plástico injetado e seu formato piramidal garante maior estabilidade. Os rolamentos da bicicleta são injetados na fabricação. Em relação a estrutura da bicicleta de metal tradicional, esta fabricação é menos trabalhosa e mais acessível e pode ser constituído com as materiais utilizados na indústria local.
Fonte: http://www.designboom.com/weblog/cat/8/view/15791/dror-peleg-frii-plastic-bike.html
Fonte: http://www.packagedesign.com/chat-spotlight/2009/7/17/new-eco-friendly-packaging-material-combines-versatility-eco.html
A embalagem Geämi vem como alternativa em substituição ao plástico bolha, almofadas de ar e bolhas de isopor. O material é feito de papel reciclado, podendo ser reciclado ou reutilizado. Esse material tem a propriedade de isolamento do produtos às agressões do ambiente. A embalagem vem rolos, segunda a empresa, economiza espaço no transporte.
Embalagem feitas de cogumelos. Esse material vem susbstituição ao EPS, EPP, e EPE. A resistência dessa embalagem deve-se a capacidade de se auto regeneração do micélio de se criar lignina e celulose, sendo assim um forte biocompósito. Segundo a empresa, não é necessário muita energia na produção do produto. A análise do ciclo de vida (Life Cycle Assessment - LCA) é utilizado como uma ferramentas utilizada para projetar o sistema de produção, resultando em otimização da produção. Segundo Santos (2009), o uso nda monoculturas, no caso cogumelos, deve-se realizar estudos quanto ao impactos que podem ser causados ao meio ambiente.
Casinha para animais feito com materiais certificados e recicláveis. Segundo a empresas os produtos são feitos de papelão podem ser desmontáveis e empilháveis. A casinha ainda podem ser customizadas pelos os donos.Segundo site: "O material utilizado em nossos produtos é 100% de origem renovável, reciclável, reciclado e biodegradável".
Fonte: http://www.ecobichos.net
Papel Grafeno: Cientistas australianos da Universidade de Tecnologia de Sidnei desenvolveram o “papel de grafeno”, um produto tão fino quanto o papel e mais forte do que o aço. Comparado ao aço o papel de grafeno é seis vezes mais leve, duas vezes mais duro, dez vezes mais resistente à tração, possui densidade aproximadamente seis vezes menor e tem treze vezes mais rigidez de flexão. Além de leve, forte, duro e mais flexível do que o aço, o papel é reciclável e pode ser produzido de maneira econômica. Assim como já acontece com outros materiais à base de carbono, o novo produto deverá ser bastante utilizado, sobretudo, na indústria automotiva e aeroespacial, permitindo a criação e o aperfeiçoamento de automóveis e aviões mais leves, seguros e econômicos. Este material exemplifica o princípio da sustentabilidade “seleção de recursos de baixo impacto” e, uma das principais vantagens é a redução dos custos e recursos com o transporte desse material, além de ser reciclável. **INSERIR MAIS EXPLICAÇÕES
Sandálias da empresa Chipkos utiliza materiais de baixo impacto ambiental tais como o EVA reciclado no solado, Fibra de Juta na base, colas não-tóxicas à base de água. A empresa utiliza embalagens de transporte de papelão recicladas. Para embalagem do calçados são utilizadas eco bags de algodão natural. A Chipkoparticipa do programa para compensação de emissão de carbono. Porém, no ciclo de vida desse produto na fase de descarte deve-se atentar-se a separação e seleção que podem ser dificultados, devido a fusão dos materiais.
Isolamento acústico utilizado em habitações utiliza fungos no lugar de produtos petroquímicos. "Utilizamos um organismo encontrados em subprodutos agrícolas, como algodão e trigo". Composto por 2 placas e recheio.
Fonte: http://www.ecovativedesign.com/greensulate/why/
Usar materiais reciclados
As embalagens da linha Ekos da Natura, foram reformuladas utilizando material reciclado a fim de minimizar os recursos antes utilizados para a produção das mesmas e potencializar o uso de refil. A matéria-prima para a produção das novas embalagens é o PET reciclado pós-consumo. A impressão, antes em silk-screen, foi substituída por rótulo adesivo. Dessa maneira, este pode ser descolado para que a embalagem seja reutilizada com refis de outros ativos. Essa solução facilita ainda a separação de materiais para a reciclagem final do material.
Fonte: http://www.abstratil.com.br/2011/novas-embalagens-natura-ekos/ |
Cadeira inspirada em caixa de televisão
A "cadeira X" foi criada pela arquiteta Roberta de Sá Faustini a partir da caixa de papelão de sua TV nova. Considerado um móvel ecológico por ser de material reciclável, biodegradável e de baixo impacto ambiental, a cadeira pode ser levada para qualquer lugar, como mostra a figura a seguir:
Fonte: http://robertafaustini.com.br/cadeirax.php |
Fonte: http://robertafaustini.com.br/cadeirax.php |
O projeto Tulp da empresa de Amsterdam QWIC está desenvolvendo uma scooter com um biocomposite. Esse material é feito de fibras naturais e resina de poliéster. O veiculo é movido a eletricidade e com isso evita a emissão de CO2. Uma preocupação a ser vista neste projeto é o ciclo de vida do material e seus componentes. Segundo informações do site, a intenção da empresa no descarte desse material é que seja transformado em energia (para queima, por exemplo), o ideal é que a empresa faça o levantamento de todos os materiais utilizados e suas emissões. No caso da reciclagem do material, deve-se verificar a possibilidade de separação do biocomposite através de processos menos impactantes.
Alguns exemplos de materiais que serviram de inspiração para o princípio de seleção de recursos de baixo impacto ambiental:
1- As caixas produzidas pela Distant Village são feitas artesanalmente com fibras compactadas. Utilizam sobras de fibras vegetais tais como: bananeira, coco, resíduos florestais etc. Não utilizam corantes ou cloro em seu processamento.
2- O Agroresin é produzido com resíduos de algumas culturas, tais como a cana de açúcar. Sua aparência é similar a da embalagem produzida com fibras de palma.
3- Alguns plásticos como o PLA, são totalmente biodegradáveis e são feitos a partir de fontes vegetais como o amido de milho. As sacolas da Puma, também derivadas do amido de milho, se dissolvem em água morna em apenas três minutos.
Fonte: http://www.ecouterre.com/puma-trades-plastic-bags-for-clever-little-shopper-made-of-corn-starch/
Fonte: http://designdeembalagemfaimi.wordpress.com/2011/04/
5- A fita LogiStrap, resistente e reutilizável, foi desenvolvida pela Velcro para facilitar o manejo de embalagens no processo logístico.
Algo similar poderia ser utilizado para fixar as embalagens em algumas de nossas propostas para o projeto Pandora.