3 OTIMIZAÇÃO DO CICLO DE VIDA DOS PRODUTOS

Ao otimizar o ciclo de vida dos produtos,  consequentemente, o custo ambiental é reduzido, ou seja, há menor demanda pela exploração de recursos naturais para a produção de novos bens (SANTOS 2009).
Os baixos custos de produção têm permitido que as classes de menor rendas consumam tanto quanto as classes  de maior renda. Com isso, tem-se observado a baixa intensidade de uso dos bens materiais, visto que estes passam significativo tempo ociosos em relação à sua expectativa de vida (SANTOS, 2009).
Cabe ressaltar, aqui, que a análise da vida útil varia conforme o produto e em relação a determinadas funções que, de acordo com Manzini e Vezzoli (2008) são: a previsão do tempo de vida de um produto; a quantidade de uso; o tempo de duração das operações ou a vida na prateleira (armazenagem).
O que ocorre atualmente, é  que o descarte prematuro decorrente, ou não, da obsolescência estética, tecnológica ou cultural, contribui com os atuais problemas ambientais enfrentados pela sociedade (MANZINI E VEZZOLI , 2008; SANTOS, 2009).
O design, contudo, pode atuar na concepção do sistema de uso e produção, planejando estas fases no sentido de otimizar o ciclo de vida. Conforme Santos (2009), é comum a atuação do designer estritamente no âmbito do produto, o que é positivo, porém contribui de forma menos abrangente com os problemas ambientais decorrentes do pré-produção, produção, uso e descarte desses produtos.
Portanto, percebe-se a necessidade de uma mudança de paradigma. O designer , agora, enfrenta o desafio de satisfazer as necessidades dos consumidores, considerando a escassez dos recursos naturais. Nesse sentido, Manzini e Vezzoli (2008) sugerem duas estratégias no que se refere à otimização da vida dos produtos: o aumento da durabilidade e a intensificação do uso dos produtos e/ou de alguns dos seus componentes.
O aumento da durabilidade, possivelmente, terá menor impacto ambiental, pois evitará a geração precoce de lixo, bem como a produção e distribuição de novos produtos, que também afeta a cadeia produtiva (extração de novos recursos, emissões, transporte, etc). No caso da intensificação do produto, quando o seu uso é intenso, proporciona uma redução da quantidade de produtos em um determinado momento e local e, isso determina uma redução do impacto ambiental (MANZINI e VEZZOLI, 2008).
Desta forma, os autores ressaltam a importância de se pensar, mais propriamente, no resultado do que no usufruto que os podutos possam oferecer; pensar na satisfação de uma necessidade sem, necessariamente, haver a posse de um produto para que isso aconteça.
Nessa perspectiva, a intensificação do uso de um determinado produto segundo Manzini e Vezzoli (2008), poderá se manifestar ao usuário mais como forma de um serviço do que em forma de produto (produtos de uso coletivo e compartilhado).
Para projetar produtos ou mesmo produtos destinados a sistemas produto+serviço, portanto, SANTOS (2009) propõe critérios gerais para a avaliação/concepção de produtos sob a ótica da otimização do ciclo de vida.
- O produto facilita a atualização e a adaptabilidade?
- O produto facilita a manutenção?
- Facilita a reparação e a reutilização
- O produto facilita sua a remodelação?
- Intensifica a utilização
- A vida útil dos componentes correspondente à duração prevista para substituí-los durante seu
uso?
- Foi realizado a escolha de materiais duráveis considerando seu uso e a vida útil do produto?
- Evita materiais permanentes para funções temporárias?
- Minimiza o número de partes e componentes?
- A design adotado simplifica o produto?
- Evita junções frágeis?
- Predispõe e facilita a substituição, para a atualização via software?
- O produto é modular e reconfigurável para a adaptação em relação à evolução física e cultural
dos indivíduos?
- O produto permite a atualização no próprio lugar de uso?
- O produto têm instrumentos e referências para sua atualização e adaptabilidade?

A partir dos critérios apresentados pelo autor, o designer pode avaliar as questões que se aplicam ou não ao seu projeto, adaptando conforme as proposições desenvolvidas.


MANZINI. E.; VEZOLLI, C.  O desenvolvimento de produtos sustentáveis: os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: Edusp, 2008 


Inspirações



“Facilitar atualização e adaptabilidade”

Máquina de lavar roupas Miele
Considerando os programas standard mais utilizados a máquina de lavar roupa pode ser equipada individualmente com vários módulos de programas: Desporto & Outdoor, Têxtillar & Sedas, Higiene & Crianças, Bebés & Brincar. Os módulos de programas pretendidos podem ser instalados ao adquirir a máquina (comprando um ou vários módulos de programas) ou mais tarde, quando o cliente sentir a necessidade de atualização do software. 



“Facilitar o reparo”
Cadeira Aeron da Herman Miller
Esta cadeira foi projetada para que as partes mais sujeitas a avarias possam ser substituídas com maior facilidade.




Cadeira 2pacChair da RawStudio
Um pouco mais simples que a anterior, a cadeira 2pac chair possui apenas dois moldes de peça para sua construção o que facilita a sua montagem, manutenção e transporte para distribuição. Prevendo algum possível reparo, ela pode ser entregue com peças sobressalentes que são utilizadas de forma padronizada no assento e encosto.


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“Facilitar a reutilização”
Creme Chronos da Natura
O produto foi desenvolvido com uma embalagem refil, desta forma, o cliente compra uma vez só a embalagem e, posteriormente, apenas recarrega com uma embalagem que utiliza menos recursos para ser fabricada.



Conceito de Embalagem retornável em Joaçaba / SC
A embalagem reutilizável desenvolvida por uma agencia publicitária local foi pedida por um supermercado que através de solicitações de embalagens sustentáveis de seus clientes. Segundo site a embalagem de papelão é a mais indicada para acomodar em um porta-malas e pode ser desmontada e empilhada após o uso. 
Caixa em Uso

Caixa empilhável
Treepac

Treepac é uma caixa reutilizável/retornável composta de acetato de celulose projetada para substituir as caixas de papelão, pois estas, apesar de serem também reutilizáveis acabam sendo recicladas para cada uso. Treepac é ainda um conceito, mas o projeto já foi premiado pela Industrial Design Society of America (IDSA) com um Silver International Design Excellence Award (IDEA) na categoria de Ecodesign.





 Re-Pack Project
Uma maneira muito simples de reutilizar a embalagem de papelão: simplesmente virando a caixa do avesso. As informações da embalagem original são ocultadas e a embalagem pode ser reutilizada, por exemplo, para enviar mercadorias pelo correio. O Re-Pack Project é uma proposta da agência de propaganda H-57 Creative Station de Milão.


"Intensificar o Uso"
Sistema de Bicicletas Públicas "Bicimia"
Bicimia é um sistema de aluguel de bicicletas.  Quem chega à cidade de trem, de ônibus e carro, pode usar uma bicicleta para se deslocar facilmente e livremente. São 27 pontos na cidade de Brescia e seu uso é através de um cartão eletrônico. O retorno da bicicleta pode ser em um ponto diferente de onde ela foi levada, isso para facilitar a integração com vários outros meios de transporte.
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"Projeto de Produto orientado a Serviço"
O Sistema Urbiko (http://www.urbikes.com/)
permite o aluguel de diferentes tipos de bicicleta de acordo com a necessidade do usuário. O projeto da bicicleta também foi orientado para que ela seja mais robusta (devido a intensificação do uso), mais limpa (sem as correntes que sujam as roupas) e com componentes diferentes das bicicletas normais para evitar o roubo. Outro fato interessante é o pneu sem câmara que evita a manutenção constante.





Muitas empresas já trabalham com embalagens retornáveis, mas geralmente são serviços oferecidos apenas a outras empresas para o transporte de mercadorias. Ainda não encontramos no mercado um sistema de coleta de caixas retornáveis para eletrodomésticos, por exemplo. Um tipo de embalagem reutilizável muito utilizada pela indústria automotiva são as caixas de plástico, moldado ou injetado (PP, PE ou ABS) produzidas e transportadas pela Nefab.


 
http://www.nefab.com/Plastic_Systems.aspx




No Brasil, temos a volta das embalagens retornáveis de refrigerantes que tinham sido retiradas de circulação mais de uma década. A Coca-Cola já oferecia garrafas retornáveis de vidro e de plástico em oito tamanhos, mas essa é uma tendência que deve se espalhar no mercado de bebidas. Além do benefício da sustentabilidade, há certo saudosismo por parte dos consumidores. “Esse vasilhame tem um apelo emocional. Havia muitos pedidos para que voltasse a ser comercializado”, diz Thiago Ely, gerente corporativo de inovações de refrigerantes da AmBev.




http://colunistas.ig.com.br/seudinheiro/2011/05/20/a-volta-das-garrafas-de-refrigerante-retornaveis/